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terça-feira, 7 de julho de 2009

Um homem de família


José Sarney (PMDB) está na berlinda, mas cá entre nós, se Renan Calheiros (PMDB) que nem era tão poderoso assim continua agindo nos bastidores, porque o senhor dos senhores e ex-presidente da República, será banido?

No caso de Renan a única mudança significativa foi que a Mônica Veloso pousou para a Playboy e agora apresenta programa no SBT, tirando isso, tudo está como era, e temo, será.

Bem, como são poucos os que lêem meu blog e acompanham política, no caso do senador ex-presidente da Câmara, um lobista da construtora Mendes Júnior pagava as pensões da filha e da amante, a ex-jornalista Mônica, e em troca ganhava várias licitações do governo.

Renan se fez de vítima, mentiu perante provas incontestes, colocou a culpa na imprensa e saiu da presidência, contudo ainda age nos obscuros bastidores de Brasília.

O caso Sarney é bem mais complicado, mas nem por isso a fórmula de defesa utilizada pelo réu é diferente.
Primeiro vamos esclarecer o que está ocorrendo no senado atual.

O Estadão recebeu a denúncia de que pelo menos 200 atos foram feitos secretamente, no Brasil toda lei só é regulamentada quando sai no Diário Oficial da União. A casa do Senado, criava esses regimentos e não os tornava público, sendo assim, não havia como o povo e a mídia saberem o que se passava por lá.

Esses papeis legislavam sobre a contratação e exoneração de pessoal para os gabinetes dos senadores e neles continham nomes de afilhados, sobrinhos e outros parentes de pessoas da casa o que é ilegal e ainda por cima continha gente afastada do poder por terem sido acusados de fraude pela Polícia Federal. Na frente das câmeras eles eram mandados embora, mas por trás, continuavam recebendo salários do dinheiro público.

Para deixar a situação mais interessante ainda, eles colocavam esses "funcionários" muitas vezes em gabinetes de pessoas da oposição que nem se davam conta do que estava ocorrendo, talvez por isso, porém não com certeza, indivíduos como Eduardo Suplicy (PT) considerado pela população um dos poucos políticos idonêos, aparece como um dos contratantes, além de outros nomes da oposição como Arthur Virgílio (PSDB).

Sarney entra nessa história de "Dossiê Pelicano" como o principal articulador dessa jogada, afinal os operários eram Agaciel Maia, carreirista em Brasília e João Carlos Zoghbi da Secretaria de Recursos Humanos. Ambos aliados e que beijam o anel de Sarney há muito tempo.

Agaciel já é conhecido da mídia por ter deixado de declarar uma mansão, não chega a ser um castelo, mas não se esquece disso facilmente. O outro tinha seus filhos morando no apartamento funcional, que é só para quem trabalha na casa. Este se demitiu, aquele deixou o cargo. E só para constar o esquecimento é requisito básico para entrar na turma. O presidente da Câmara de Senadores "esqueceu" de declarar à Justiça Eleitoral uma casa de 4 milhões de reais na Asa Sul de Brasília.

Além dos apadrinhados, o ex-presidente da República nomeou seu neto João Fernando. Uma sobrinha que era do Ministério da Agricultura foi aparecer no gabinete de Delcídio Amaral (PT). Uma prima e uma sobrinha do genro, marido de Roseana Sarney, foram parar na capital federal por atos secretos também e, já que falamos nela, Roseana tinha um "mordomo" em sua casa no Maranhão pagos com a verba federal.

Enfim, a história ainda está se desenrolando, já foram achados mais de 663 atos secretos desde 1996, três contas do senado com duas sendo também secretas utilizadas para o desvio de verba com mais de 160 milhões de reais, mas estas foram criadas por outro senhor, ACM (PFL). Um dos atos pagou horas extras para mais de 800 funcionários da casa sem que tivessem a feito e ainda deve ter muito a por vir.

José Sarney seguiu a cartilha, roubou, manipulou e agora mente na frente de provas que nos evidenciam todas as suas atitudes. Também coloca a culpa na imprensa que "faz uma campanha midiática" para ter notícia e agora corre o caminho de sair do cargo e continuar mandando atrás das cenas.

Apesar das semelhanças com Renan Calheiros, Sarney tem muito mais gente para levar para baixo, se não fosse isso, não haveria motivos do Lula dizer que Sarney é um homem diferenciado e intocável. Para um presidente da República eleito por ser igual ao povo considerar alguém acima dos "normais" é no mínimo estranho.

O atual executor do Brasil também colocou toda a sua tropa de choque para defender Sarney, caso da Dilma Rousseff que quer jogar a culpa dos atos secretos sobre o DEM. E nesse ponto ela está correta, a pratica vem sendo feita por 15 anos e nesse tempo todo quem mandou a maioria das vezes foi ACM um dos fundadores do PFL que deu origem aos Democratas, contudo dizer que José Sarney está sendo demonizado foi um pouco demais para a nossa cabeça.

O DEM, mesmo com medo, pediu o afastamento do presidente da Câmara após todas essas denúncias, entretanto sabe que vai sobrar para ele. O PT está estudando o caso, mas quem manda lá é o Lula e ele sabe que se perder o PMDB a casa ficará impossível de ser governada e o fraco projeto de presidência para 2010 já vai por água abaixo com a saída do maior partido do país.

Um que vai se dar mal nessa é Aloísio Mercadante (PT), líder da bancada petista que está desgastando ainda mais a sua imagem perante seu público ao ter que apoiar Sarney.

Enfim, José Sarney pode ter aprontado muito, mas não podemos duvidar da lealdade dela aos seus aliados e, acima de tudo, que ele é um Godfather, um homem de família.
Aliás, talvez ele seja o último da sua raça, agora a nova onda são os Hustlers, aqueles que sobem na vida fazendo literalmente de tudo para alcançar o topo. Veremos essa nova fase.

PS: O ex-presidente é tão poderoso que a oposição já resolveu negociar. Se ele permitir o caminhar da CPI da Petrobrás eles não entrarão com representação na justiça para que Sarney deixe o cargo.

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