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quinta-feira, 19 de março de 2009

Entrevista de Jaime Ardilla ao Roda Viva



O presidente da General Motors do Brasil e Mercosul, Jaime Ardilla, foi o entrevistado nesta semana no programa Roda Viva da TV Cultura.

Com forte sotaque em espanhol, Senhor Jaime respondeu todas as perguntas, apesar de ter sido evasivo em questões mais delicadas como a remessa de dinheiro para a matriz americana “fizemos tudo de acordo com as leis do Banco Central” e não entrou em valores. Outro assunto que o presidente deixou em aberto foram as perdas da GM Brasil, assim como detalhes da nova linha automotiva da empresa para o setor de carro popular.
Além do apresentador Herodo Barbeiro, participaram da sabatina José Eduardo Favaretto, economista e consultor da indústria automotiva; Vicente Alessi Filho, diretor de redação da Revista Autodata; Cleide Silva, repórter do jornal O Estado de S. Paulo; Marcus Vinicius Gasques, diretor da Revista Autoesporte.


Pojetos futuros:

O presidente não entrou em detalhes, mas relatou que está em prática um projeto de renovação de toda a linha automotiva da Chevrolet até 2012. Ao responder uma pergunta de internauta, Jaime retratou que a nova linha “Viva” primeiramente será projetada e fabricada na Argentina a partir do segundo trimestre de 2009, só posteriormente virá ao nosso país.

Também falou do Chevy Volt primeiro carro elétrico que será produzido comercialmente. O automóvel tem 64km de autonomia e conta com um motor a explosão que permite ao motorista andar até 250km e ainda recarrega a bateria do Volt. “Estudos mostram que 78% não dirigem mais de 64km por dia”. Quanto ao preço desse novo veículo “será uns 3 mil dólares mais caro que um carro normal”. O Chevy Volt será vendido inicialmente no mercado dos EUA e europeu e está sem data definida para lançamento.


Demissões


Neste assunto Jaime foi taxativo: “Não houve demissão, mas sim, dispensa de temporários” segundo ele, não há como se demitir aqueles que não estão efetivados, os contratos apenas venceram e não foram renovados. Os temporários em que a contratação rege até 2010 ainda estão empregados.

Foram mandados embora, ou melhor, não tiveram suas renovações, 1600 funcionários da empresa em São Caetano.

Com o lançamento da nova linha Viva, e sendo bem aceita, estes funcionários têm a preferência “Dependerá das vendas para iniciar a contratação de funcionários que não tiveram contratos renovados. Eles serão os primeiros a serem chamados”.


General Motors EUA


Foi o ponto mais delicado da entrevista. Jaime defendeu o que como a crise inicio-se no país era esperado que a matriz fosse quem mais sofresse com o impacto dela, mas deixou claro que a GM ganhou prêmios por “carro do ano 2006/2007. Desing 2006/2007 e as vendas dos modelos novos está boa, foram muito bem aceitos nos EUA”.

O que contribuiu ainda mais para o problema foi a reestruturação na produção americana que passava por um processo de modernização/investimento quando a crise se generalizou diminuindo o crédito e dificultando o projeto que não pôde ser conluído com fundos próprios.

Questionado se ainda acreditava na economia de mercado e qual era a sua visão da GM “passando o chapéu” para o Governo Norte Americano:

“Isso é condição excepcional isso nunca aconteceu. Nós preferimos uma economia de mercado, empresas privadas, mas essa crise mostra que o governo é fundamental. Não estamos pedindo uma ajuda à GM grátis. Pedimos um empréstimo, que vamos pagar com juros. Contudo estamos fazendo o que é comum no mercado de capital. Usualmente pegaríamos dinheiro no banco privado, porém o mercado de capital não está funcionando”.


Vendas em 2009 e redução do IPI



As vendas no primeiro trimestre de 2009 foram muito beneficiadas com a redução do IPI, o que diminuiu o impacto da crise internacional aqui no país. Segundo Jaime Ardila “O patamar da indústria automotiva é entre 2,4 e 2,5 milhões de unidades este ano, contudo o segundo trimestre depende da questão do IPI ser extendida por mais três meses. Sem isso, as vendas serão abaixo de 2008” e ainda enfatizou que sem a redução a queda pode ficar entorno de 30% em relação ao ano anterior.

Sempre que teve a oportunidade, o presidente da GM tocava no quão fundamental é a extensão da redução do IPI por pelo menos mais três meses para poder manter as vendas no setor automotivo.
O primeiro trimestre foi bem devido ao IPI, a entrada dos bancos estatais no que tange ao crédito, o que fez os bancos privados retornarem a dar também, além dos incentivos dados pelas montadoras. Contudo houve muitas vendas antecipadas e isso influenciará nas vendas na segunda metade do ano também.
Para evitar perdas futuras e conseguir reverter esse quadro assombroso, Jaime tem consciência que a redução do IPI não perdurará para sempre por isso “para longo prazo a redução dos juros é fundamental. Porque a indústria automobilística depende muito de crédito e confiança. Diminuição da Selic, por exemplo, e uma melhor condição de financiamento serão de grande ajuda ao setor”.


Meio ambiente


Questionado sobre os veículos a diesel, Jaime coloca que a GM já conta com tecnologia menos poluídora, contudo o combustível brasileiro precisa melhorar nesse aspecto.
Sobre o selo ambiental proposto pelo Governo, o presidente preferiu não entrar em detalhes, mas disse que já está em pauta junto com outras montadoras se haverá a utilização ou não.

Ainda perguntaram sobre a questão da campanha publicitária da GM pedindo ao consumidor que desse carona.
Senhor Ardilla deu uma resposta até muito bonita:

“A necessidade do ser humano de se transportar é fundamental... temos que ter consciência que o carro pode se tornar um transtorno perdendo o prazer de dirigir. A campanha de 'dar carona' a curto prazo até poderia ser ruim para a GM, mas é o mais correto a ser feito a longo prazo. É um dever nosso, muito mais do que vender mais carros. É a consciência global.”

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