
Ex-presidente do Brasil, atual do Senado, ex-Governador do Maranhão, ex-deputado federal da antiga UDN e dono de uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. José Ribamar Ferreira de Araújo Costa construiu em sua carreira política algo que até Hugo Chaves sonha em edificar.
Uma população de súditos que, apesar de não obterem retorno, sempre dão ao seu déspota o poder.
Sim, o título de Excelentíssimo para esse senhor de 79 anos está muito abaixo do que ele realmente é, Sarney “O imperador”, o “Senhor do Maranhão” ou quem sabe “o Príncipe do Brasil” estão muito mais próximos de seu real poder nas terras canarinhas.
Sarney, titulo em homenagem a seu pai, Sarney Costa, é Senador pelo Amapá, apesar de não ter nascido no estado (é de Pinheiro no MA), e sem ao menos morar lá, conquistou os votos das pessoas que residem nesta região.
Talvez seu poder resida no bigode sempre bem cortado e em seu rosto que transpira a mais pura confiança em suas habilidades políticas. Uma pessoa que até mesmo fisicamente é regida pela constância, na postura, no visual, nos gestos e nas ações.
Carreira política:
Maranhão
Zé Sarney começou sua escalada política nos longínquos ano de 1950 como suplente de deputado federal pelo Maranhão, o que dá o título de mais experiente na carreira parlamentar brasileira. Foi eleito pela PSD, partido de apoio à Eurico Gaspar Dutra. Em 1955 efetivou-se no cargo, sempre na base aliada e continuou seu mandato até 1966, sendo que em 59 passou para a UDN que fazia oposição ao atual presidente Jucelino Kubtischek, do PSD, talvez a única vez em que Sarney não foi da situação, mas acredito que já pensasse no futuro.
Em 1964, ano do golpe que retirou João Goulart, ele foi contra a tomada, embora com a instituição do bipartidarismo ele tenha passado para a ARENA, sigla aliada ao governo militar.
Em 1966 assume a cadeira de Governador do Maranhão e assim começa o seu absolutismo no estado. Vale salientar que o Maranhão é a federação brasileira com pior índice de IDH. Até hoje o estado está na mão da família, afinal, a dona da cadeira executiva de lá é Roseana Sarney.
Nos últimos 54 anos a família esteve no governo do estado diretamente por 15 anos e, indiretamente, considere pessoas que obtiveram votos por serem ligados à família, por incríveis 32 anos.
Logo em seu primeiro mandado no executivo, José criou uma lei que regou as terras do Maranhão com o sangue das pessoas que trabalhavam diretamente com ela. Em 1969 surgiu a Lei de Terras (Lei nº. 2579/69), popularmente chamada de Lei Sarney que tinha como conteúdo a colonização de áreas não exploradas levando ao povoamento amazônico e também seu desenvolvimento.
Claro, acabou virando uma pandemia de terras griladas e invasões ilegais. Muitos investidores do sul e centro-oeste do país foram para a região, “empurrando” os cidadãos para cada vez mais longe dos melhores locais, através da compra a preços ínfimos de suas propriedades mesmo que para isso o uso de jagunços tenha sido necessária. O desenvolvimento transformou-se em latifúndios. Por volta de 1.500.000 de hectares pararam nas mãos de grandes senhores da terra.
Segundo Luis Antônio Camara Pedrosa (ex- assessor jurídico da Comissão Pastoral da Terra de São Luís/MA):
“Data desse período a pilhagem que se sucedeu sobre as terras
devolutas do Estado. A grilagem, implantada com a vinda das
grandes empresas do sul e do centro-oeste, açambarcou
inclusive os corredores de 200 Km de largura ao longo da
rodovias, destinadas por decretos à colonização. O único refúgio
para os camponeses chegou a ser os 30 metros de terra ao
longo das rodovias”
Além disso, vários camponeses foram feridos em confrontos com a polícia, caso de Manoel da Conceição preso em uma Assembléia de lavradores. Ele foi torturado e perdeu a perna por causa de um ferimento à bala na ocasião.
Segundo dados do IBGE de 1970, as propriedades com menos de 100 hectares, ou seja, que não são consideradas latifúndios, representavam 87,6% dos estabelecimentos e apenas 5,6% da área rural do Maranhão. Em 1995, 26 anos da Lei Sarney, eram 76,5% ocupando diminutos 3,6%.
Vale salientar que o desenvolvimento que Sarney prometeu não aconteceu. Maranhão tinha o pior índice de mortalidade da época e uma população ruralizada, longe dos centros de saúde das cidades.
Meio século depois e o estado, como já dito, está na lanterna do ranking do IDH e 52% da população ainda vive dos produtos do campo.

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